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Este estudo analisou como as reformas curriculares implementadas após a pandemia incorporaram a inteligência artificial e as tecnologias digitais em diferentes áreas do conhecimento nas universidades públicas brasileiras. A pesquisa organizou os cursos em três grandes agrupamentos disciplinares, revelando padrões distintos de adoção tecnológica.
Os cursos foram categorizados em: (1) áreas de Alta Intensidade Tecnológica (como Computação e Engenharias), (2) áreas de Aplicação Intermediária (Saúde e Ciências Biológicas), e (3) áreas de Aplicação Emergente (Humanidades e Ciências Sociais). Essa classificação permitiu identificar como cada campo do conhecimento está respondendo aos desafios da transformação digital no ensino superior. Os resultados mostram que a incorporação da IA varia drasticamente entre esses agrupamentos. Nas áreas tecnológicas, a grande maioria dos cursos (92%) criou disciplinas específicas sobre IA, com carga horária dedicada e laboratórios especializados. Já nas ciências da saúde, predominou a abordagem de aplicação prática, onde a IA foi inserida como módulo em disciplinas existentes (68% dos casos). Por outro lado, nas humanidades, a presença da IA ainda é incipiente (35%), aparecendo principalmente como conteúdo optativo ou em disciplinas isoladas. Essas diferenças refletem não apenas a natureza distinta de cada área, mas também desafios comuns que precisam ser enfrentados. O estudo identificou que dentro de cada agrupamento há uma tendência de convergência nas abordagens pedagógicas, sugerindo que as inovações curriculares se difundem mais facilmente entre cursos afins. No entanto, persiste uma significativa barreira para a integração transversal dessas competências entre áreas distintas. As implicações desses achados são particularmente relevantes para as políticas educacionais. Fica evidente a necessidade de desenvolver estratégias diferenciadas para cada agrupamento disciplinar, respeitando suas particularidades, mas também criando pontes para uma verdadeira interdisciplinaridade digital. O estudo recomenda a criação de núcleos de inovação curricular que possam atuar como mediadores entre esses diferentes mundos acadêmicos, promovendo o compartilhamento de experiências e o desenvolvimento de abordagens híbridas.
Palavras-chave | Inteligência Artificial; Tecnologia; Educação Superior; Inovação Curricular; Pandemia |
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