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Estudo recente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) apontou que apenas 29,9% dos brasileiros possuem habilidades digitais básicas (como enviar e-mail, copiar e mover arquivos), posicionando o país em 60º lugar no mundo e em 5º na América Latina. Essa questão é especialmente preocupante diante do avanço da transformação digital, que tem reconfigurado a vida social, alterando formas de interação, acesso a serviços e exigindo maior atenção à segurança digital e à proteção de dados. Nesse cenário, a extensão universitária, tradicionalmente reconhecida como elo entre ensino, pesquisa e sociedade, pode desempenhar um papel estratégico — não apenas promovendo a democratização do acesso à tecnologia e a capacitação digital de comunidades, mas também engajando graduandos e pós-graduandos na aplicação prática do conhecimento científico para enfrentar desafios reais da sociedade. Partindo dessas constatações, realizamos uma revisão sistemática da literatura para investigar o papel da extensão universitária no contexto da transformação digital. Analisamos 23 artigos científicos focados no caso brasileiro, recuperados nas bases SciELO Brasil e Google Acadêmico, a partir dos seguintes termos: “curricularização da extensão” OR “extensão universitária” AND “competências digitais” OR “habilidades digitais” OR “educação digital”. As competências digitais mais recorrentes nos trabalhos analisados foram: letramento digital, produção multimídia, autonomia e aprendizagem ubíqua, trabalho colaborativo, comunicação remota, planejamento e avaliação de soluções digitais. Os principais beneficiados pelas ações de extensão foram estudantes de escolas públicas, professores, profissionais e usuários de serviços públicos. As dificuldades mais citadas dizem respeito à infraestrutura e à conectividade, à evasão, à baixa carga horária das ações e à heterogeneidade do público-alvo. Os estudos mostram que a extensão universitária é uma ferramenta importante para o desenvolvimento de competências digitais. Porém, para ampliar seu impacto, é necessário fortalecer a integração entre ensino e extensão, investir em infraestrutura e conectividade, além de promover a formação continuada de docentes.
Palavras-chave | tecnologias digitais; habilidades e competências digitais; extensão universitária; curricularização |
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