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Este relato apresenta uma experiência formativa no âmbito da Educação Superior, desenvolvida como parte de uma proposta pedagógica voltada ao Ensino Médio, cujo objetivo era criar, com apoio de ferramentas de inteligência artificial, uma atividade de sensibilização crítica sobre os sentidos de ensinar e aprender. A proposta partiu da pergunta “Desobedecer é pensar?”, utilizada como disparador da geração de imagens por meio de ferramenta generativa. A primeira figura gerada retratou uma jovem negra com expressão de contrariedade sob o título proposto. Após questionamento docente sobre o possível reforço de estereótipos na associação entre desobediência e raça, uma segunda imagem foi produzida: desta vez, um jovem branco, contemplativo e sereno, ocupava o centro da composição. A diferença simbólica entre as duas imagens revelou um viés algorítmico importante: a repetição de códigos visuais racializados que atribuem à juventude negra o lugar da insurgência bruta, enquanto reservam à branquitude o espaço da legitimidade reflexiva. A atividade, então, foi ressignificada como experiência pedagógica de análise crítica das tecnologias, permitindo a discussão com licenciandos sobre os impactos éticos e educativos da mediação automatizada na formação escolar. Como resultado, observou-se o fortalecimento da consciência crítica dos estudantes acerca da reprodução de desigualdades simbólicas por sistemas digitais. Conclui-se que o uso de inteligência artificial em contextos formativos exige curadoria docente ética, situada e engajada com práticas de justiça cognitiva, para que as tecnologias ampliem, e não limitem, os horizontes do imaginável e do possível.
| Palavras-chave | inteligência artificial; mediação docente; justiça cognitiva; estereótipos visuais; educação crítica. |
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