4–6 Nov 2025
Universidade Estadual de Campinas
America/Sao_Paulo timezone
Submissão de Resumos encerrada, resultados em 10/9

E SE OS SABERES DOS POVOS ORIGINÁRIOS ECOASSEM NOS CÓDIGOS DA ACADEMIA?

Not scheduled
20m
Auditório da Faculdade de Ciências Médicas (Universidade Estadual de Campinas)

Auditório da Faculdade de Ciências Médicas

Universidade Estadual de Campinas

R. Albert Sabin, s/ nº. Cidade Universitária "Zeferino Vaz" Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP Campinas - São Paulo
Comunicação oral virtual Práticas de Educação Inclusiva e Ética com Tecnologias e IA

Speaker

Mr LUIZ ANTONIO GOMES SENNA (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO)

Description

A ascensão algorítmica na academia, especialmente na educação superior, reconfigura currículos sob racionalidades técnico-científicas ao promover eficiência, mas riscando saberes não-hegemônicos, como os dos povos originários. Assim, objetiva-se nesse estudo analisar as tensões entre as intelecções indígenas e os paradigmas da Inteligência Artificial (IA), com base no Projeto de Lei nº 21/2020, marco ético brasileiro sobre o tema. A pesquisa adota uma abordagem qualitativa de caráter documental e teórico-bibliográfico. O corpus central é constituído pelo Projeto de Lei nº 21/2020, que estabelece princípios para o desenvolvimento e a aplicação da IA no Brasil. O material é analisado à luz de referenciais teóricos anticoloniais, epistemologias do Sul e contribuições de pensadores indígenas, com o apoio da técnica de análise de conteúdo, proposta por Bardin. Através de lentes decoloniais, desvelam-se silêncios na normativa: embora abrace preceitos como não discriminação, centralidade humana e inclusão, omite-se a justiça epistêmica e o pluralismo cognitivo. Seus princípios, como inovação responsável, participação interdisciplinar e promoção da confiança tecnológica, oferecem, contudo, frestas para insurgência interpretativa e reposicionamento ético diante da colonialidade dos algoritmos. Decerto, a verdadeira democratização da IA transcende a acessibilidade técnica: é necessário gestar ecologias de conhecimento onde múltiplos mundos pensem e ensinem juntos, em diálogo simétrico, ainda que tenso, entre o digital e o intergeracional. Neste cenário, a universidade tem o dever ético de reencantar seus fundamentos e de acolher cosmovisões que insurgem do silêncio histórico. A IA, se submetida à monocultura epistêmica, reproduz apagamentos; se reinventada em chave pluralista, pode tornar-se instrumento de justiça, memória e tecedura interepistêmica.

Palavras-chave epistemologias indígenas; educação superior, justiça epistêmica.

Authors

ANGELA RUFINO (UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE-UFAC) Mr LUIZ ANTONIO GOMES SENNA (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO)

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