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Description
A incorporação crescente da inteligência artificial (IA) na educação superior tem suscitado debates sobre suas contribuições e riscos nos processos formativos. As promessas de personalização da aprendizagem, automação de tarefas docentes e uso intensivo de dados para avaliação são frequentemente abordadas em termos de inovação e eficiência, sem a devida problematização de seus impactos éticos, pedagógicos e sociais. Este trabalho propõe uma reflexão crítica sobre os usos da IA no ensino superior a partir da pedagogia de Paulo Freire, articulando conceitos como diálogo, consciência crítica e humanização. A reflexão desenvolve-se por meio de abordagem qualitativa, de natureza teórico-conceitual, fundamentada na análise crítica de obras de Paulo Freire e autores contemporâneos que discutem tecnologia, educação e justiça social. Partindo da experiência de Freire, busca-se tensionar os limites de uma adoção tecnocrática da IA, compreendendo-a como construção social marcada por interesses econômicos e ideológicos. Nesse contexto, discute-se a importância de processos de formação docente contínua e crítica no ensino superior, voltados à compreensão ética, política e pedagógica da inteligência artificial. Defende-se que os professores universitários devem ser formados não apenas para utilizar tecnologias, mas para problematizá-las em seus fundamentos e efeitos. A articulação entre pedagogia crítica e IA aponta para a construção de práticas educativas comprometidas com a justiça social, o diálogo e a dignidade humana no contexto universitário.
Palavras-chave | Paulo Freire; inteligência artificial; educação crítica; educação popular; tecnologia. |
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