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As transformações recentes nas universidades, intensificadas pela digitalização e pela inserção de plataformas corporativas internacionais, têm reposicionado a educação superior no centro de disputas entre lógicas mercantis e perspectivas humanistas. Este trabalho, de caráter bibliográfico e analítico, busca compreender os impactos do que pode ser denominado colonialismo digital na docência universitária. O objetivo é investigar como a dependência de ferramentas oferecidas por grandes corporações influencia a autonomia pedagógica, o papel social da universidade e a formação de professores. A metodologia consistiu em revisão crítica de autores que discutem tecnologias digitais, neoliberalismo e educação. Entre os resultados parciais, identifica-se a emergência de duas visões em disputa: uma abordagem tecnicista, que privilegia competências e habilidades direcionadas ao mercado (Barnett, 2001, p. 89; Masetto, 2003, p. 15), e uma abordagem humanista, que defende a universidade como espaço de produção crítica de conhecimento, formação cidadã e compromisso ético (Dias Sobrinho, 2005, p. 168; Chauí, 2003, p. 7). As análises indicam que a naturalização das tecnologias como soluções neutras reforça a mercantilização da educação e a coleta massiva de dados (Silveira, 2017, p. 59; Miranda & Wenczenovicz, 2023, p. 12), enfraquecendo a dimensão pública da universidade. Conclui-se que a docência universitária precisa reafirmar seu caráter crítico e emancipador, promovendo práticas pedagógicas que reconheçam a diversidade de saberes (Santos, 2007, p. 35) e resistam à lógica de subordinação aos interesses corporativos. Nesse sentido, a formação docente contínua para o uso crítico e criativo das tecnologias digitais e da inteligência artificial é condição essencial para garantir a centralidade do conhecimento como bem público e socialmente relevante (Freire, 2001, p. 147; Selwyn, 2017, p. 100).
Palavras-chave | Docência universitária; colonialismo digital; inteligência artificial; tecnologias digitais; universidade pública. |
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